quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Contos- Sombras do futuro (Parte 2)

Eu caminhei sozinha por esse lugar. Eu não sei onde estou. A minha única lembrança é de minha morte. Coloquei um corda na janela e me joguei de lá... é isso que eu lembro.
Minha cabeça dói, estou relembrando algumas coisas, e ainda ando sozinha por essas ruas. Parecem ser ruas pelo menos. Têm pessoas sentadas ao lado, pessoas com rostos desfigurados e com muito sangue.

Lembrei dessa minha vida que tive, mas só as partes felizes, meu nome, minha idade, onde eu morava. Então, sou Laura, e tinha 16 anos antes de me matar. Eu queria chorar. Lembrei do dia mais feliz da minha vida. O dia em que eu estava no campo com meus pais. Eu tinha 14 anos na época. Nós estávamos na fazenda de minha avó, eu estava em cima de um cavalo, andando por aí. Quando eu voltei, meu melhor amigo da época, o John, me levou até um campo de flores e nós ficamos correndo por lá, até nos cansarmos e deitarmos. Ele me beijou, e eu beijei ele. Então nós voltamos, e minha avó disse que o cavalo que eu tinha andado à tarde era meu. Isso fez desse dia, o melhor dia da minha vida.

Então vieram as lembranças da desgraça. Meus pais brigando, eu pegando meu pai traindo minha mãe dentro da própria casa, John terminando nosso namoro, eu me cortando. Tudo o que poderia ter de ruim na minha vida, eu vi ali. E então eu vi o real motivo pelo qual eu me matei.

E eu quero vingança...

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Contos- Sombras do passado (Parte 1)

Antes de começar, esse conto será "Sombras do passado", "Sombras do futuro", "Carta de vida" e "Carta de morte". Sim, 4 partes. Agora vai ele.

Nós a matamos, nós fizemos nosso trabalho, é isso que vocês precisam entender, ela não quis apenas se matar por conta própria. Ela teve influências de coisas que a rodeavam, coisas que não podiam ser vistas, nem sentidas, apenas ouvidas, mas ela não nos dava ouvidos. Mas esse é o nosso serviço, um serviço sujo e sem culpa, que ninguém consegue investigar, ninguém descobre.
Nós a observamos por alguns meses e ninguém percebeu, então tome cuidado, nós podemos observar você também, podemos matar você também, e você não perceber, ouça mais as coisas, tente ver melhor as coisas, não fique apenas preso nessa sua visão do mundo, tente ver algo a mais, tente ouvir quando nós falamos com você, assim poderá mudar seu destino.
E sabe por que ninguém percebe essas mortes? No mundo humano ela se chama "Suicídio".

Contos- Nós nunca paramos de brincar na rua

(Bernard)

Eu estava na rua com meus amigos, já era madrugada, os nossos pais haviam ido em uma excursão para um resort não muito longe da cidade, então ficávamos a noite toda na rua conversando. Era uma rua calma, quase nunca passava carros e nunca tinha tido um assalto.

Estava meio frio essa noite, mas nós ficamos lá, era muito bom sentar e ficar fazendo nada e falando sobre tudo. Uma de minhas amigas, a Christine, falou para nós jogarmos "Verdade ou Desafio". Todos aceitaram. Sentamos no jardim da minha casa, colocamos a garrafa no meio de nós e começou. A maioria queria verdade só, então estava meio chato. Na minha vez me desafiaram a fazer algo "diferente". Levantei e fui atrás de algo "diferente". Todo mundo levantou e veio atrás. Começamos a andar pela rua, fomos indo até o final dela, onde nenhum de nós numca havia ido. Vi um beco, ele era muito escuro, entrei e logo vi todos entrando atrás. Peguei uma das latas de lixo de lá e joguei em cima do muro que havia lá. O povo começou a rir, quando eu prestei mais atenção atrás de mim. Havia uma pessoa com um moletom cinza e o seu capuz estava na cabeça,  e dois machados na mão. Era nosso fim da linha.

(Mãe do Bernard)

Eu cheguei em casa e não achei ninguém lá, era apenas a casa vazia. Liguei para a mãe dos amigos do Bernard, todas disseram que eles estavam desaparecidos. Liguei no celular dele, mas caiu na caixa postal.

De noite ouvi umas pessoas jogando bola, fui ver, lá estavam eles, mas eles não estavam normais, eles tinham sangue escorrendo, e... e... um deles não tinha braço...

- Onde vocês estavam?
- Nós nunca paramos de brincar na rua.

Abraços sem braços :)